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Mondrian e sua universalidade plástica contaminam a arquitetura neoclássica do CCBB

  • Márcio Júnior
  • 13 de out. de 2016
  • 3 min de leitura

O CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) apresenta Mondrian e o movimento De Stijl. A mais completa exposição, já feita na América Latina sobre esse movimento, chega a Belo Horizonte. São expostos quadros, maquetes, documentários, mobílias e fotografias dos companheiros de Mondrian. Além de pintores, faziam parte do grupo, arquitetos e designers que utilizavam da revista De Stijl (O Estilo) para expor suas ideias e princípios.



Piet Mondrian e seus amigos da De Stijl defendiam o Neoplasticismo, movimento que transcendia a materialidade. Eles buscavam a harmonia universal de elementos que julgavam puros, como a utilização das cores primárias (azul, vermelho e amarelo), a beleza estética universal de uma relação/tensão efêmera, o abstracionismo geométrico, o dinamismo de linhas verticais e horizontais.

O grande pioneiro do Neoplasticismo e figura principal da exposição é Piet Mondrian. Mondrian nasceu na Holanda, em 1872, vivia em ambiente familiar conservador e protestante. Ele começou a pintar com o tio, o artista Frits Mondriaan. A trajetória de Mondrian acompanha primeiro a figuração, por influências dos movimentos pós-impressionistas de Vincent Van Gogh, Georges Seurat e Paul Cézanne, e depois incorpora o cubismo de Pablo Picasso entre 1908 e 1911. A fase figurativa faz parte do período de maior produção do artista. Enquanto acontecia essa transição, ele experimentava o luminismo e pontilhismo, pintava com cores mais quentes e claras. Em 1909, torna-se membro da sociedade Teosófica, que dentre os princípios estimula o livre pensamento e expressão, trabalha o exterior e interior, prevalece uma base universal e desenvolve a percepção psicológica e espiritual por processos e físicos (materialistas). Quando percebe as influências do cubismo em seus quadros, muda-se para Paris, em 1912. No início da utilização dos ideais cubistas, o artista abstraia da natureza para pintar, como as ondas do mar e bosques. Quando vai para Amsterdã, em 1915, conhece Theo van Doesburg, Bart van der Leck e Vilmos Huszár que estimulam Mondrian à criar um estilo próprio. A partir de então, fundi as propostas Teosóficas ao trabalho.

O seu amigo Theo van Doesburg criou, em 1917, a revista De Stijl, a principal plataforma de divulgação do Neoplasticismo. De Stijl surgiu no contexto pós-guerra e Doesburg queria o que estava acontecendo de mais novo na modernidade, reuniu vários artistas para propor à nova “plástica”. Por causa dos efeitos da guerra de aplicar a superioridade individualista, os artistas buscavam a linguagem visual de aplicação universal, sendo menos individualista, a obra não representava uma descrição realista. Mondrian denominava que o artista tinha que escolher a forma externa mais simples possível, com a finalidade de expressar plasticamente o interno menos oculto, o objetivo era alcançar o puro, o espiritual e a clareza. Eles queriam acabar com as distinções nas artes, como unir arquitetura e pintura, imagem e linguagem, designer e publicidade, música e imagem. Os projetos de arquiteturas seriam esculturas, o pintor era um arquiteto, as relações seriam dinâmicas e móveis entre os objetos e funcionalidades. As mobílias eram usadas com os elementos básicos de montagem, mas trabalhando o potencial estético. O produto era funcional e plástico.

Assim como na vida de Mondrian, a exposição acompanha uma trajetória cronológica de sua carreira. Vamos desde a figuração até a abstração. O público é convidado a interagir nos quadros com experiências táteis e digitais. Em uma proposta lúdica, os visitantes podem montar o quadro Victory Boogie-Woogie, obra nunca finalizada por causa do falecimento de Mondrian, em 1944.


(Utilizando sensores, visitante monta quadro inspirado no estilo Neoplasticista de Mondrian/ Foto: Márcio).

(Criança se espelha na obra Victory Boogie-Woogie para colocar as peças no quadro/ Foto: Márcio Júnior).



A expografia do CCBB acompanha também as transformações do Ateliê de Piet Mondrian, as salas e corredores adquirem formas geométricas de cores primárias. Na sala que apresenta o estúdio em Paris, pode-se ouvir Jazz, uma das inspirações de Mondrian. O Jazz tem característica de um ritmo básico e improvisado.

Além de Mondrian, a exposição traz também Gerrit Thomas Rietveld com suas cadeiras e maquetes, Mart Stam e os enigmas da funcionalidade material.


(Cadeiras projetadas por Gerrit Thomas Rietveld/Foto: Márcio Júnior).


A mostra demonstra a relevância do Neoplasticismo em um período crítico que se buscava amenizar as tensões. A contribuição foi além, a harmonização universal estética se expandiu para outros campos do conhecimento, popularizou-se na moda, design, arquitetura, etc. A conciliação de tal feito fez surgir novas tendências e não mais dividiu, aproximou polos, flexibilizou encontros entre eles. Perceber como essa importância transdisciplinar potencializou a modernidade facilita a questionar nosso conhecimento na contemporaneidade. Mondrian projetou para um futuro que agora é cada vez mais próximo. Os reflexos na sociedade são incontáveis e nos mostram que precisamos nos inspirar sempre para novas transformações.

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