Crônica: Confissões de Mina Basaran

Márcio Júnior
22 de jun. de 2018
3 min de leitura

Batons, sapatos, vestidos, brincos, colares, óculos, chapéus... Tá bom? De jeito nenhum. Sei que sou vaidosa, mas qual mulher não se preocupa quando o dia tão esperado de sua vida está chegando? Já está tudo organizado, convidei o máximo de pessoas que pude me lembrar, mas sempre esquecia alguém. É impressionante! Essas situações exigem de boas memórias, e espero ainda ter muitas pela frente.

Na minha lista, mais que especial, de convidados, estava todo mundo lá. Tia, sobrinho, mãe, cunhado, irmão, pai, primas, colegas de trabalho, da escola, da academia, e claro, meus seguidores também! Não posso esquecer os mais de 80 mil seguidores que tenho no Instagram. Ser uma digital influencer não é fácil. Tenho que pensar por mim e pelos outros. Vivo dando dicas: Qual é o melhor restaurante na cidade? O look perfeito para a praia é um top estampado ombro a ombro com uma calcinha mais fina? Tapete atrapalha na decoração? Respondo essas e outras tantas coisas no meu perfil. Às vezes tem gente querendo que eu fale de pets. Dou dicas também, fazer o quê, nessa vida tento fazer de tudo.

Meu público costuma perguntar muito qual é meu estilo, se é mais básico, elegante, cool, stylist, hippie. Acho que me defino melhor com um sentimento do que esses nomes criados no mundo da moda. Eu sou do estilo contagiada pela felicidade.

Contagiada pela felicidade estava eu quando Murat me pediu em casamento. Era o nosso sétimo aniversário de namoro e a casa - MÁGICA! Em um lugar escondido no alto de uma montanha. Ele me conhece muito bem, escolheu rum e chocolate para acompanhar o anel de diamante. E-N-O-R-M-E, por sinal. No teto do quarto estava cravada a frase: Nas Nuvens. A frase simboliza o nosso primeiro encontro. Conhecemos-nos em uma festa que tinha esse tema. Minha amiga Kehlani me convidou e acabei aceitando. Seria uma noite qualquer se não fosse por esse pequeno/grande detalhe.

Depois, decidi preparar um momento divertido e merecido, acho. Uma despedida de solteira! Para esse dia organizei tudo, deveria ser épico e com companhia de peso. Convidei minhas 7 melhores amigas para um grande final de semana em uma cidade incrível. O local escolhido foi Dubai, a cidade da extravagância. No prédio mais alto, assim como no lugar onde fui pedida em casamento. Fui me jogar, porque um mês depois iria me casar. Então, escolhi:

Na sexta, piscina logo cedo para começar o dia. Almoço na beira da praia, postando o look no Instagram, é claro. No período da tarde, compras, e à noite, se jogando em alguma noitada. E foi tudo como planejado, só não contava com as 4 festas que passamos em uma madrugada. Perdi meus brincos, que caíram na privada da primeira boate. Na segunda, minha amiga Kehlani me fez dançar no polidance. Quebrei o salto na terceira. Na última, confesso que saí com um cara que me cantou por alguns minutos. Não faz mal, né?

O sábado foi de detonar. Iniciei a aventura em um pulo de Bungee Jumping na Gravity Zone. Também andei de camelo me sentindo Priscila, rainha do deserto. Fechei um cinema perto da Town Square para assistir o filme da minha vida, Meia Noite em Paris. À noite, apenas saímos que nem loucas gritando nas ruas - NUNCA MAIS QUERO VOLTAAAAARR! E depois, bebemos e bebemos.

Domingo: Planos: praia, praia e praia. Estava super a fim de curtir o sol e relaxar, pensando no futuro que me esperava. Tinha muita responsabilidade, afinal, iria assumir os negócios da minha família no futuro. Mas deixando isso de lado, quis marcar esse nosso momento com uma foto de despedida. Reunindo as pessoas que mais amo no mundo. Espero que essa história não me esqueça, porque não vou esquecer-me dela.

Este texto foi retirado de um trecho do diário encontrado em meio aos escombros do acidente aéreo que ocorreu em 11 de março e levou a morte Mina Basaran e suas amigas.