A arte de construir ganha novas possibilidades com coletivo cubano

Márcio Júnior
18 de jun. de 2017
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O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta “Los Carpinteiros: Objeto Vital”. São mais de 70 obras que compõem a exposição que traz esculturas, vídeos, desenhos e instalações.

Los Carpinteiros é um coletivo formado pelos cubanos Marco Castillo e Dagoberto Rodriguez. A relação da Carpintaria com o coletivo se dá devido ao manuseio e manipulação dessa técnica na madeira onde é trabalhada, a priori, numa identidade histórica e cultural do coletivo. A proposta é resgatar uma técnica antiga com grande valor simbólico e estético que possui resiliência em cada situação. Então, a proposta da curadoria é permear entre as várias possibilidades que o objeto ganha depois que é trabalhado pela subjetividade dos artistas, vindo do cru até o intervido, sendo feito com o mesmo material ou com acréscimos. Deste modo, Los Carpinteiros mostra a relação de objeto fabricado e expressão artística que traz tona o questionamento de valor da obra de arte.

A partir do aspecto conceitual do trabalho, o caráter do conceito aura vital surge para nomear a exposição que vai além do espaço museológico e se instala na vida cotidiana. Do micro ao macro, percebe-se que a exposição permite enxergar níveis de escalas de uma maquete, por exemplo, ou de grandes desenhos com esquematizações geométricas complexas que confundem noções de perspectiva e profundidade.

A madeira, que está presente na maioria das obras mesmo sendo representada, permite sentir a textura viva no objeto com cortes precisos. Outros materiais, como o lego, vão além do manuseio artesanal. Em Quatro Violões (2015), o coletivo relaciona com o formato das quatro fases da lua – minguante, nova, cheia e crescente – interferindo na qualidade e volume produzido por esses violões, criando fases sonoras.

(Obra Quatro Violões, 2015/Foto: Márcio Sales)

A obra de Los Carpinteiros é intervenção no espaço que representa modos do meio urbano que intensificam a produção sempre pensando nas suas necessidades. A falta de funcionalidade dos objetos, que só existem no papel e são impossíveis de serem montados, faz questionar qual é o real propósito da construção.