Exposição de dados: Estamos seguros nas redes sociais?
- Márcio Júnior e Bruno Braga
- 7 de mai. de 2018
- 4 min de leitura
Caso envolvendo empresa que coletou dados de milhões de usuários no Facebook desperta para polêmica sobre como nossas informações são usadas na rede

(Foto: Alessio Jacona)
Desde o surgimento das redes sociais e a otimização dos algoritmos nossa vida está inserida no ambiente virtual. Cartões de crédito, transações, viagens, filmes e séries pelo streaming... Mesmo assim, empresas responsáveis pelas plataformas digitais nos prometem colocar privacidade em nossas informações. Será que esses dados estão realmente seguros?
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg (foto à cima), foi ao Senado dos Estados Unidos, no dia 10/04, para responder em audiência sobre o vazamento de dados de milhões de usuários da maior rede social do mundo.
Em matéria publicada pelo site Globo.com, e postada em sua rede social, diversos comentários mostram a despreocupação e falta de conhecimento das pessoas sobre o tema.




Várias pessoas e entidades públicas estão fazendo campanha para usuários cancelarem suas contas. Mas como este caso interfere em nosso dia a dia?
Motivados por essa conversação fomos buscar entender a magnitude desse problema.
Cambridge Analytica e o caso Facebook
Para os mais desinformados, a Cambridge Analytica (CA) era uma empresa privada britânica que prestava consultoria e fazia análise de dados para montar estratégias políticas. Segundo informações divulgadas pelo The Guardian e o The New York Times, a CA teria comprado acesso de dados pessoais dos usuários e, estrategicamente, usado dessas informações para influenciar eleitores na última eleição americana.
Steve Bannon, ex-presidente da Cambridge Analytica, era o principal assessor de Donald Trump. Steve trabalhou para Trump nas eleições de 2016, mas tudo teria começado em 2014, dois anos antes da eleição americana, quando a empresa lançou o aplicativo this is your digital life (essa é sua vida digital), que trazia um teste de personalidade que, em seus termos, dizia ter cunho acadêmico.

O caso de acesso de dados pela CA também alcançou contas brasileiras, sendo o oitavo país com mais usuários afetados. Os outros países que tiveram perfis acessados são: EUA, Filipinas, Indonésia, Reino Unido, México, Canadá e Índia.
O Foco da empresa foi coletar estrategicamente informações dos norte-americanos (mais de 70 milhões) e quando o usuário aceitava os termos de autorização da pesquisa permitia que seus dados e de seus amigos também fossem expostos.
Por hábito de uso, as pessoas estavam disponibilizando informações sem saber, porque a maioria dos usuários não leem os extensos termos e condições que aparecem quando fazemos download de algum aplicativo ou, como nesse caso, quando participamos de alguma pesquisa online.
Entretanto, essa coleta foi feita de forma legítima, porque existia uma brecha nas políticas do Facebook, que em 2014, permitia acesso de dados de amigos. A justificativa para isso, segundo o Facebook, era melhorar a experiência do usuário.
Dados expostos

Qual é o real impacto dessa coleta de dados em sua conta? Listamos alguns itens que poderiam ser coletados:
Nome
Profissão
Endereço
Gostos e tendências pessoais
Hábitos
Rede de contatos
Segundo Christopher Wylie (pessoa responsável por divulgar o escândalo), essas informações foram usadas para catalogar os perfis de eleitores (ou futuros eleitores) e, a partir disso, direcionar informações Pró-Trump para sua timeline e posts negativos da adversária Hillary Clinton. Aqueles que estivessem em dúvida estariam mais propensos ao convencimento.
Opinião da especialista
Mônica Victor, Gerente de Tecnologia e Segurança da Informação do SESC MG, pós-graduada em Transformação Digital e Gestão de TI pelo IETEC e com especialização em Análise de Sistemas e Programação de Computadores pela UFMG, "abre nossos olhos" sobre a importância desse assunto.
"Para ingressar nas redes sociais (Facebook, Instagram, dentre outras) cadastramos, damos nossas informações sem ao menos ler e entender o que eles podem fazer com esses dados. Você já percebeu que às vezes essas redes sugerem amizades que você acabou de conhecer e trocou uma mensagem no WhatsApp? Ou ainda você combina uma viagem por mensagem e depois começa a receber propagandas nas suas redes sociais? Sim, isso é possível uma vez que todas as ferramentas pertencem à mesma empresa. Ou seja, cada vez mais estão conhecendo tudo sobre nós como gostos, preferências etc. A mesma coisa vale para os sites que instalam cookies (pequenos arquivos com informações coletadas) nos nossos dispositivos e depois disparam propagandas. E se você desejar apagar todos estes dados? O que fazer? E dados coletados a nosso respeito qual será a utilização real deles? São questões que precisam urgentemente ser tratadas!"
Mônica ainda alerta sobre alguns cuidados que devemos ter:
"Até antes de baixar os aplicativos é fundamental que façamos as configurações de segurança da própria ferramenta do Facebook e de todas que utilizarmos. E quando vamos usar aplicativos é fundamental que verifiquemos quais as permissões eles estão solicitando. Atualmente no Facebook tem muitos testes “divertidos” que as pessoas estão cada vez mais utilizando, ao iniciar o teste eles informam quais as permissões estamos dando e muitas vezes é possível alterar. Isso é muito perigoso. Temos que tomar cuidado, ler e entender, pois caso contrário estamos entregando nossos dados de graça para fazer sabe-se lá o que. Todo cuidado é pouco!"
Fortalecendo suas informações
Existem grupos que estão preocupados com o fortalecimento da segurança na rede, a organização Internet sem Fronteiras é um desses exemplos. Saiba de dicas rápidas, participe de discussões e seminários que podem auxiliar no amadurecimento desse assunto.
Clique aqui e Participe do Grupo Internet sem Fronteiras.
Agora, mais informados, podemos ter mais cautela com nossos dados e não vamos perdoar qualquer pedido de desculpa.
Não é mesmo, Mark Zuckerberg?
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